terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Skins, 5x03. "Mini"

"Eu sei porque vocês são amigas. Vocês se amam e cuidam uma da outra" - Franky

Todo clichê é necessariamente ruim num produto dramático? Todo maniqueísmo é sempre negativo ou uma análise superficial da condição humana? Apesar de complexas, essas perguntas têm uma simples e objetiva resposta: Não. Quando bem trabalhados, tanto o clichê quanto o maniqueísmo podem apresentar com exatidão os sentimentos dos seres humanos e transformarem as situações em reprodução aprofundada da realidade e, o que é melhor, sem tecer comentários ou análises.

Skins sempre fugiu deste caminho. Nas duas gerações anteriores e, em boa parte das personagens da atual, o repúdio pelo senso comum, pela amostragem simples, sem crítica, foi o caminho experimentado por esta produção. Agora não é mais, pois a série decidiu se enveredar por este universo e, só para variar um pouco, o fez com a mesma qualidade que a torna a melhor produção teen de todos os tempos.

Assistir a cada minuto de "Mini" foi quase uma viagem alucinógena para longe do ambiente que Skins nos proporcionou nas 04 temporadas anteriores. Mini é a representação física e emocional de tudo que a série sempre combateu através de seus personagens irreverentes, diferentes, até meio esquisitos. Mini se mostrou um desafio para os roteiristas, afinal, ela não apresenta traços de complexidade filosóficas, ela é só uma adolescente comum.

Mas eis que o brilhantismo de Skins aparece justamente aí, no comum. O episódio pegou todos os clichês possíveis do universo adolescente e colocou em cada uma da seqüência. Ali vimos uma adolescente popular, bonita, quase anoréxica, que luta para se manter em forma e gostosa para o namorado, um típico machão truculento que pratica esportes e só pensa em sexo, sem nenhuma espécie de sentimentos. Mini mostra ser a dona de toda a situação, mas, como bem definiu Liv, ela é só uma virgem medrosa.

Com tantos clichês, tantas caricaturas humanas, qualquer seqüência poderia ficar piegas, rasa, mas nenhuma ficou. O episódio deu um banho e ensinou a outras séries como o maniqueísmo deve ser tratado na dramaturgia. Existe problema mais complexo do que ser normal e tentar ser o que não é? Esta é a exata situação que Mini representa e vai de encontro a maioria dos adolescentes do mundo moderno.

Achei genial a seqüência em que a menina vomita após a fracassada tentativa de fazer sexo oral no namorado e gostei também do surto que ela teve com a melhor amiga por ciúmes do namorado. Era evidente que ela acabaria cedendo e perdendo a virgindade com o babaca do Nick, afinal, o episódio se tratava de clichês e mostrar como são eles que todos nós lidamos todos os dias.

"Mini" também serviu para desmistificar um pouco os dois grupos que haviam se formado. Agora com Rich e Grace meio que namorando, Franky se aproximando de Mini, aliás, numa das cenas mais lindas do episódio, enfim, o grupo parece começar a deixar de ser heterogêneo e se unificar, como sempre foi em Skins.

Este foi, sem dúvida, o episódio mais diferente da história de Skins, mas longe de ser ruim, mostrou que a série consegue utilizar todas as técnicas dramatúrgicas e sempre com muito mais qualidade que qualquer outra já fez.



Por Daniel César

3 comentários:

T disse...

muito bom o episodio. skins ta cada vez melhor!

Danilo disse...

Adorei o episódio. Deu pra conhecer melhor uns personagens que estavam mais apagados até agora.
Gostei bastante da Mini e da Liv.

Marcinho disse...

Se superou mais uma vez e deixou ótimas pontas para os próximos episódio.

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