quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Skins US, 1x04. "Cadie"

"Cadie, não seja boba, emoções não são reais"

É extremamente complexo criar um roteiro sólido para uma série adolescente. São inúmeros os desafios que, somente vistos no prisma correto, podem ser enfrentados e vencidos. Escrever um texto alternativo para o remake de uma das melhores séries sobre este universo é ainda mais complicado. Mesmo que ignoremos completamente o original, a armadilha de buscar o caminho mais fácil se apoiando apenas no nome de sucesso do produto é muito grande.

Skins US parece ser um retrato fiel desta máxima. A tentativa de produzir um remake original, sem lançar mão dos mesmos elementos da premiada série britânica deve ser elogiada e funcionou muito bem principalmente no episódio 2, focado em Tea, mas, aparentemente foi só ali.

Em "Cadie" os roteiristas foram novamente por outro caminho. Se em "Tony" e "Chris" a opção de segurança foi manter o roteiro próximo ao original, em "Tea" e "Cadie" a intenção de inovar foi bastante válida e deveria ser aplaudida. Não neste episódio 04 cheio de erros, equívocos graves e que podem comprometer o nome que Skins conquistou ao longo de sua história.

Esquecendo-se completamente da versão original que faz de Cassie uma das personagens mais complexas e fascinantes do mundo dos teleseriados, a versão americana trouxe Cadie, uma personagem fraca, com conflitos que, na maioria das vezes mais confundem o telespectador do que o fascina. Cadie não chama a atenção por sua profundidade, mas por sua tentativa fracadassada de ser profunda.

O texto tentou a todo custo transmitir uma história sólida apontando para uma menina de 17 anos com transtorno-depressivo e que não sabe se posicionar com firmeza diante do mundo. Um pai fascinado por sua arte e uma mãe completamente maluca, ambos ignorando a filha. Somente este plot já transforma o episódio no mais abominável clichê que uma série adolescente poderia apresentar.

E foi isso que "Cadie" mostrou em seus quase 41 minutos de exibição. Uma sucessão de seqüências com tantos clichês que era impossível acreditar estarmos diante de uma série que traz o nome de Skins - todos sabem que a original foge dos clichês como o diabo foge da cruz. A festa na casa de Michelle incomodaria qualquer fã de um produto com qualidade. Tudo ali foi tão óbvio, tão raso, tão previsível que não foi fácil suportar o episódio até o fim.

Skins US começa a caminhar por uma estrada perigosa e que pode ser sem volta. Quando ultrapassa o limite entre as situações reais do universo adolescente e invade a estrada do clichê, nenhuma série conseguiria manter a qualidade. E é uma pena que os roteiristas americanos estão perdendo a chance de apresentar um produto de qualidade para os adolescentes do país. Uma pena.



Por Daniel César

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