segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Skins, 5x02. "Rich"

"Não sou um bobo vestido de palhaço para você rir" - Rich

Por que a adolescência é tão difícil? Se você é ou já foi adolescente, certamente em algum momento da vida já se fez esta pergunta. É nela que a personalidade está sendo construída, o conhecimento de mundo de cada indivíduo ainda é extremamente limitado e, baseando-se apenas nisso, o ser humano se constrói para o futuro. Os conflitos são inevitáveis, as dúvidas sobre o ontem, o hoje e, principalmente, o amanhã, tendem a perturbar a vida de todos que passam por esta fase.

Por conta de tudo isso há tanto terror em torno da adolescência. Ainda assim, é impossível não concordar: a melhor fase da vida é justamente neste período. Abandonar a infância, começar a assumir responsabilidades, conhecer o próprio limite físico, emocional. Descobrir sentimentos, gostos, gestos que antes pareciam tão estranhos, é algo indescritível, e poucos produtos de TV conseguem mostrar isso com a profundidade devida.

Skins consegue. Sempre conseguiu e não seria diferente nesta terceira geração. Após um episódio de abertura espetacular apresentando uma personagem extremamente complexa, a série chega com "Rich" e consegue o que parecia impossível, superar o anterior. Olhando de forma superficial, o episódio pode ser visto apenas como mais um episódio com muita música, palavrão e adolescentes insuportáveis, rebeldes e sem personalidade própria.

Mas basta se aproximar um pouco de cada uma das seqüências para enxergar os conflitos humanos presentes e tratados sem clichês, sem maniqueísmo e com a dura realidade de que na vida, as descobertas podem ser dolorosas. Rich é metaleiro, tímido, extremamente fechado e enxerga apenas seu mundo, como ele disse, livre, sem compromisso.

Um personagem assim, se bem tratado, é fascinante, e Rich o é. Não é apenas um metaleiro rebelde que vai contra o sistema. Ele é um desajustado social que não se enxerga dentro dos padrões impostos pelo mundo capitalista moderno, e, por isso, não consegue se relacionar com sua família, não consegue chamar seu pai de pai e sequer consegue marcar um encontro com a garota que gosta.

O diálogo entre ele e seu único amigo Alo na Van foi de uma profundidade poucas vezes vistas na TV. Alo representou o consciente de Rich tentando se libertar de seu próprio inconsciente, foi uma luta constante entre "o bem" e "o mal" como ocorre diversas vezes na vida de um adolescente. Assim como a metáfora para a surdez do garoto após ouvir uma música muito pesada também foi genial e cheia de significados.

Mas em se tratando de metáforas, Skins sempre se supera. Colocar Rich para conhecer o universo de Grace e vice-versa foi um grande acerto. Grace adora balé, Rich adora metal, qual a chance de funcionar? Todas, afinal, ambos querem se descobrir e entender a profundidade da vida e buscaram isso através de um estilo musical. Se ver Grace delirando num show de rock já foi sensacional, poder assistir Rich acompanhando o recital de balé e, mais do que isso, indo às lágrimas entendendo a grandiosidade daquilo, foi tocante.

Ser adolescente não é tarefa fácil. Descobrir-se enquanto vive é das coisas mais complexas da vida humana. E apenas Skins consegue retratar este momento com tamanha perfeição. É como se uma lupa fosse colocada diante de cada adolescente ao redor do mundo e retransmitida na série.



Por Daniel César

4 comentários:

Danilo disse...

Amei o episódio. Achei melhor que o primeiro.
Rich e Grace, por enquanto, são os personagens que mais gosto dessa geração.

João Pedro disse...

Achei o episódio lindo. Fiquei um pouco triste com o final, mas ainda bem que ele foi assim, não partindo pra historinha de amor clichê.

Daniel César disse...

Danilo

Até agora todos os personagens me chamaram bastante a atenção, exceção feita ao namorado da Mini que não teve qualquer destaque.

João Pedro

Acostume-se, isso é Skins, a fuga dos clichês.

Marcinho disse...

Ótimo episódio. Eu particularmente tive alguns amigos metaleiros na minha adolescência e me dou o crédito de dizer que eles foram muito bem representados pela série.
Realmente, os personagens dessa temporada estão se mostrando bem mais profundos e complexos. Será que o restante nos dará a mesma impressão?

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