segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Parenthood, 2x14. "A House Divided"

"Meu chefe me drogou? Eu estou drogado" - Adam

Todas as famílias têm seus próprios dramas. Não há sequer uma que consegue viver em tamanha harmonia a ponto de não ter "sua casa dividida" nunca. A construção da vida instrinsecamente ligada à família é uma das tarefas mais árduas da vida. Independente do nível de família que temos, das personalidades de cada membro familiar, as dificuldades sempre surgem.

O relacionamento deste grau é completamente diferente de amizades, de namoros ou que qualquer coisa. Família é sempre família. Olhar sob a ótica de nossa própria vida, de nosso próprio individualismo, de nossa própria realidade enquanto assistimos a Parenthood, nos faz enxergar o quanto a série é muito mais do que simples lazer, são 43 minutos de terapia, quase um divã em forma de série de TV.

Em "A House Divided" assistimos a um espelho de nós mesmos. Toda família passa pelos mesmos dramas que os Braveman enfrentam a cada episódio e, especialmente neste, enxergamos o quanto um problema, um desacordo pode afetar com a harmonia de toda uma família bem estruturada. Haddie estar morando com os avós por não aceitar a posição dos pais contrária a seu namoro não se pode dizer que é errado.

Também não podemos afirmar que a posição de Adam e Kristina é errada, afinal, eles são pais. E o que dizer de Camile? Ela está errada em permitir que a neta fique em sua casa ao invés de ir para a rua? Típico caso em que todos estão certos, mas isso não ajuda muito, pois continuam a sofrer. Essa situação é comovente, genial, assustadora e linda, tudo ao mesmo tempo e muito disso se deve a delicadeza do texto e a competência do elenco.

Gostei também de ver a tensão de Júlia em parecer ser legal. A apreensão dela tentando se provar para os parentes, para as mulheres da família, mostrando que, apesar de ser advogada, ter inúmeras responsabilidades, consegue transformar sua casa num ambiente agradável foi comovente. Júlia é uma personagem fascinante porque remete a muito de nós mesmos, sempre tentando nos provar para os outros, negando nossas características na tentativa de agradar e, óbvio, isso não funciona.

Adam drogado foi uma das idéias mais geniais de Parenthood. Adorei toda a situação em que ele é drogado inocentemente pelo chefe e tem altas crises com sua família. O ator é ótimo e fez um trabalho incrível nesta seqüência. Se drogar não fez mal a ele, mas fez com que ele colocasse para fora todo o peso que as responsabilidades de homem de família o trazem e ele pôde relaxar. O típico escape.

E o que dizer de Max acampando com o avô? Lindo, simplesmente lindo. Apesar de não ter sido explorado corretamente, o plot me comovou pelo simples fato de perceber o quanto a família ama este menino que, mesmo tendo um grave problema de saúde, consegue ser incrivelmente fofo e querido. Um de meus peronsagens preferidos no universo das séries.

Parenthood é exatamente isso. Uma espécie de espelho, mas diferente do tradicional que reflete o que somos apenas, é amplo, mostra o que devemos ser, mostra o que tentamos esconder de todos. A complexidade dos relacionamentos familiares, a nossa própria complexidade está ali. Quem não vê não sabe o que está perdendo.



Por Daniel César

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