terça-feira, 5 de outubro de 2010

Boardwalk Empire, 1x03. "Broadway Limited"

Impossível definir qual a maior qualidade numa série perfeita

O terceiro episódio de Boardwalk Empire veio para confirmar o que já parecia evidente nos episódios anteriores: a série de Martin Scorsese é, de longe, o melhor produto da TV americana nesta Fall Season, e nem é necessário fazer muito esforço, pois não há uma única série que chegue aos pés desta produção.

É difícil imaginar que uma série que já teve um Piloto genial pudesse ainda melhorar tanto no desenrolar da temporada. Mas conseguiu. Este terceiro episódio apresenta um Nucky controlador, exatamente como sempre, porém com o poder não tão assim em suas mãos como ele tenta demonstrar, afinal, uma distração do xerife, que por acaso é seu irmão, por pura desobediência às suas ordens, fez com que o crime de Jimmy fosse descoberto. A definição de que Nucky não pode tudo foi dado por ele mesmo num discurso a mãe de Jimmy. “Eu não sou Deus”. Esta frase, certamente, no momento atual de seu poder em Atlantic City, foi dito muito mais a ele mesmo do que a qualquer pessoa.

Enquanto isso, vimos um pouco mais da vida de Van Alden, que, a princípio foi mostrado como o mocinho da história, um policial incorruptível e disposto a limpar o país de pessoas sujas, porém, o que se viu neste episódio, foi um membro do FBI completamente cego pelo desejo de provar estar com a razão e capaz de tudo para obter resultados. Van Alden não teve dúvidas em torturar sua testemunha e levá-la a morte para conseguir informações, mesmo já tendo quebrado diversas leis ao forjar um mandado judicial. Em uma única cena, vimos com perfeição o quanto ele é austero, fechado e até doente, como quando, de volta para casa por ordens superiores, teve um relacionamento frio e distante com sua esposa durante a refeição.

Margaret conseguiu emprego graças a Nucky e, confesso, não gostei da cena em que ela se vê obrigada a vestir a namorada dele. Achei tudo muito forçado e exagerado na cena, inclusive a nudez da mulher, feita apenas para chocar. Em contrapartida, suas inseguranças sobre futuro e sua paixão secreta por ele fazem dela uma personagem fascinante.

Mas, de longe, o melhor personagem da série é Jimmy. Neste episódio ele vive seu inferno astral e, descoberto como o assassino no caso do massacre e roubo das bebidas, se vê sem ter o que fazer, a não ser fugir da região. Durante o episódio, ele mostrou-se como é. Inseguro, tímido e até medroso. O ciúmes sem razão que ele demonstrou pela esposa mostrou a faceta insegura e como ele é incapaz de atingir seus objetivos assim.

Em 52 minutos Brodway Limited mostrou em diversas cenas a perfeição e cuidado de Martin Scorsese e equipe. Tudo perfeito. Elenco, iluminação, fotografia, figurino, trilha sonora e roteiro, numa harmonia que impressiona e fazem de Boardwalk Empire uma das melhores produções dos últimos anos – senão a melhor.



Por: Daniel César

0 comentários:

Postar um comentário