terça-feira, 9 de novembro de 2010

Boardwalk Empire, 1x08. “Hold me in Paradise”

“A diferença entre mim e Wood é que ele é herói de guerra e candidato a presidente e eu sou generoso com as gorjetas” – Nucky

Boardwalk Empire já entrou em seu terço final da primeira temporada e o mais impressionante entre tudo que a série é capaz de fazer é que em nenhum segundo de nenhum episódio é possível encontrar uma única falha, um único clichê, uma única cena desnecessária ou que não se alinhe a proposta.

Numa narrativa densa, lenta e, ao mesmo tempo, cult, porém tensa, a série foi conquistando os telespectadores nos detalhes, na apresentação humana de cada um dos personagens, na estilística equilibrada entre direção e roteiro e em seqüências não apenas geniais por se tratar de uma proposta assim, mas por necessidade do próprio texto, o que torna tudo ainda melhor.

Em “Hold me in Paradise” fomos levados juntamente com Nucky até Chicago para as prévias da votação dos Republicanos para escolher os candidatos a presidência da república pelo Partido. Ali, viajamos com Nucky pelo tenso mundo da política americana na década de 20 – e quem sabe, talvez ainda hoje – com acordos, tratados feitos embaixo do pano, investigações em busca de “algum podre” dos possíveis candidatos. Sim, dentro do próprio partido há inimigos e que se odeiam e fazem de tudo para conseguir derrubar o outro.

Enquanto isso, em Atlantic City, Eli ficou como responsável pela cidade e, como era de se esperar, se sentiu o próprio rei do universo. As cenas de Eli, na verdade, foram poucas, mas significativas. Mostrou o rancor dele pelo sucesso do irmão e sua busca por tentar superá-lo, sem sucesso. E a cena em que ele leva um tiro, por ser imbecil e ser coletor de dinheiro, foi muito forte.

Também vimos neste episódio uma Margaret com uma força impressionante. Ela se despiu de “a mulher religiosa” e se transformou na verdadeira Margaret. Muitos podem ter achado a mudança irreal, mas não foi. Margaret se apegava às crenças religiosas apenas como subtefúrgio para sobreviver ao marido, agora, com Nucky, pode ser ela mesmo. E como tem sido. O tapa na “oficial” do amante foi ótimo e linda a cena em que Nucky liga para ela pedindo que vá até o hotel proteger sua suíte e seus documentos até que ele volte, já que, segundo ele, “estão em guerra contra ele”.

Gostei bastante também de Nelson, nosso herói policial que busca encontrar provas para incriminar Nucky. Conhecemos de perto seu relacionamento frio, religioso e austero com sua esposa Rose. Descobrimos que ela é, aparentemente, estéril e tenta dar um filho a ele. Adorei a cena em que ele recebe a carta da mulher e, desesperado, pega várias notas confiscadas das cartas de Jimmy para sua esposa e, em seguida, vimos Rose recebendo uma carta. Confesso que pensei “ora, ele não era o tal policial honesto? Roubando o dinheiro do Jimmy?” Mas o roteiro não era clichê e fomos surpreendidos para a esposa de Jimmy recebendo a carta com dinheiro, e Rose recebendo apenas uma carta, com o marido discursando sobre a importância da fé. Genial.

O melhor do episódio, contudo, foi o encontro tenso entre Jimmy e Nucky. Incrível como Nucky tem a capacidade de mexer com o menino e, ao mesmo tempo, fazê-lo se sentir idiota. Em meio a guerra, de fato Nucky precisa dele e, Jimmy mostrando saudades e solidão foi muito bacana, humanizou o personagem.

Boardwalk Empire consegue mostrar, ao mesmo tempo, um protagonista humano, que surpreende-nos com a notícia de que teve um filho que morreu e, ao mesmo tempo, age sem escrúpulos e, sabendo do irmão ferido, se preocupa com seus negócios. Sensacional esta série.



Por: Daniel César

1 comentários:

tvxséries disse...

Gostei também! Boardwalk sempre ótima. (João Pedro)

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