quarta-feira, 2 de março de 2011

90210, 3x17. "Blue Naomi"

Escrever uma série teen para a CW não deve ser tarefa fácil. Ao mesmo tempo que o produto não pode fugir dos padrões da televisão aberta americana, ele deve, digamos, apelar para ter uma audiência que, para os índices do canal, seja, no mínimo, aceitável. Uma rápida análise pela grade das segundas e das terças do canal (dias em que 3 das 4 produções são voltadas ao público adolescente) faz-nos perceber que, acima de tudo, o que vale é a falta de profundidade das tramas e dos personagens. Com 90210, no entanto, não é assim.

Há momentos em que a série é muito mais rasa do que necessário? Sim, quanto a isso não restam dúvidas, porém vê-se na série uma característica que não está presente nas outras produções: o planejamento. Nada acontece por acaso. Todas as consequências são reflexos de atitudes tomadas pelos personagens há um tempo. E isso se comprova por n motivos. Neste último episódio antes do longo hiatus, a série nos apresentou um dos seus melhores episódios, sendo completo, redondinho e, principalmente, muito satisfatório.

O episódio se chama “Blue Naomi” e, claro, não à toa. Vemos nele a patricinha se atrapalhando pra caramba para conquistar o seu então príncipe encantado. Na internet, a moça vê que haverá, no cinema, uma apresentação especial de “Avatar”, na qual alguns fãs iriam fantasiados a caráter. O problema é que esta parte da fantasia era apenas uma brincadeira, o que nem passou pela cabeça da menina, que se fantasiou de Na’vi e, tranquilamente, foi à sessão especial.

Chegando lá, porém, a menina percebe que não havia mais ninguém na mesma situação que ela, e, constrangida, ela chega perto de Max e acaba sendo esnobada e ridicularizada pelos amigos dele. Óbvio que isso a deixa baqueada e ela trata de sair logo do cinema. A conversa dela com Max lá fora é uma das mais legais da série, principalmente na parte em que ele diz para eles manterem tudo em segredo porque não cairia muito bem para ele, e ela rebate na mesma hora: “Pra mim também não”.

Dixon, imaturo como é, acaba caindo em tentação por ter em suas mãos a Ferrari de Navid. No meio do caminho, porém, ele encontra nada mais nada menos que Snoop Dogg, rapper mega bombado. No final, ele conquista Snoop, fazendo com ele decidisse por gravar um vídeo nos estúdios de Navid, que, por sua vez, perdeu um ótimo cliente e aproveitou para falar umas verdades para Dixon (foi graças à falta de sua Ferrari que o negócio não pôde ser fechado), que se chateou e saiu da sala dizendo para o colega o feito que havia conseguido.

Antes de comentar sobre Emily, vou dar uma passada rápida pelo núcleo de Ivy, que vem, cada vez mais, conquistando seu espaço na série. Como disse no twitter, uma das coisas mais lindas que há é Ivy chapada. Mas não entendam isso como uma alusão às drogas. Não é. É que o estilo meio adoidado de ser da personagem me ganhou desde o começo, e quando isso, graças à droga, é posto pra fora, fica tudo ainda melhor. Mas como disse seu coleguinha, que usa a droga para aliviar a dor que ele adquire por causa da quimioterapia que faz, ela deve parar de consumir o produto urgentemente, pois, como todos vimos, ele está prejudicando a vida da menina.

Agora sim, vamos a Emily, que deu o ar da sua graça por poucos episódios da série. Definitivamente ela deu uma sacolejada na trama de Annie, que andava um pouco morta, e, ao mesmo tempo, fez com que tomássemos raiva dela quase que instantaneamente, graças às atitudes que a mesma tomou para destruir tudo o que a sua prima construiu e conquistou ao longo desses três anos em Beverly Hills.

Quando caiu a ficha de que Liam estava facim facim pra Emily, eu tomei muita raiva do cara, porque, honestamente, pessoa de caráter não larga a namorada num dia e corre para os braços da arqui-inimiga da mesma no outro. Depois, quando, enfim, descobrimos que tudo não passou de armação, não teve como não aplaudir Liam e Annie pelo plano genial de ambos. Clichê? Pode até ser, mas não deixa de ser genial.

Porém, não tem como negar. Essa história ainda não acabou. Pelo menos foi o que eu achei depois daquele olharzinho de Emily para Annie, na cena final da moça. De fato, se Emily voltar querendo vingança, podemos ter certeza que vem uma bomba muito mais forte do que essa para Annie. E aí vamos a mais uma movimentada no núcleo na moça, que tende a sossegar por enquanto.

Enfim, chegamos a Adrianna, Silver, Navid e o brinco da discórdia. Deixei para o final desta vez porque, de fato, é o núcleo que deu mais pano pra manga durante o episódio. O problema aqui não é nem Silver, a traidora, e nem Navid, o infiel. O problema, nesta história toda, é a fama, mas só Ade que não enxerga isso. A bem da verdade, a moça deve estar bastante decepcionada porque a fama traz junto com ela coisas ruins também, e não só coisas boas, como ela esperava.

Outro problema é que a fama a afastou drasticamente de seus amigos e, principalmente, de seu namorado, que atravessava uma crise familiar complicada e via nela o seu porto seguro. Ou seja, decepcionado com as atitudes de Ade, Navid foi procurar aconchego nos braços de outra pessoa. E esta acabou sendo Silver, que estava lá, sempre presente. Portanto, não cabe taxar a menina de vilã da história quando todos nós sabemos que ela não é.

Mas não dá para falar que Adrianna está completamente errada. É sempre muito frustrante descobrir que certas pessoas que dizem ser suas amigas agem de outra forma pelas suas costas. Não dá, simplesmente, para crucificar Ade, dizendo que ela está errada em ficar de mal de Silver. Acho, sim, que ela esteja errada em tomar atitudes precipitadas como aquela de mandar uma foto da menina pelada no vestiário para toda escola.

Mas a coisa, no entanto, é muito, muito mais ampla do que dizer, sem mais análises, que fulano está errado e ciclano está certo. Numa situação como essa em que os personagens estão envolvidos, a coisa não é tão superficial. Como dizia a minha avó, o buraco é mais embaixo, a ferida é mais profunda e mais difícil de cicatrizar.

Por: João Paulo

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